sábado, 17 de outubro de 2015

O ALMOCREVE

O ALMOCREVE (Foto Bruno Andrade)


Desse raio sonoro nasceu vida
Incandescente nas asas de neve
Frágeis como a memória tão perdida
Dos tempos em que ser um almocreve

Era esse gesto andante de aguerrida
Ligando o mundo que agora é tão breve
A internet de tempos sem guarida
A honra e a palavra agora só se escreve

Os animais trilhavam com as gentes
Carteando odes dos seus mestres santos
Sob chuva e granizo tão estridentes

Com candeias p´las noites frios mantos
O tilintar das cargas bater dentes
Assim morriam nas vias de prantos

dornelas - 17 de outubro de 2015

António Botelho



terça-feira, 15 de setembro de 2015

A QUESTÃO QUE A CHUVA TRAZ


A Chuva cai na vasta sensação
De um tudo e nada que só devastado
Escorrendo p´la seca solidão
E entre tormento falso resvalado

Cai tão gelada e tépida sem vão
Entrelaçando o amor revigorado
Em leves pensamentos ilusão?
Doces sarcasmos desse acaso fado

Tilinta em mais chapadas tão frenéticas
No apaziguar de chamas apoplécticas 
A dúvida de um rumo que chegou

Na intensa sensatez que se administra
Nos vales sossegados ela listra
Movendo tudo o que o verão secou

terça-feira, 15 de setembro de 2015

António Botelho

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

As estrias do pensamento regridem em mim
Convexo
Assim refluxo de mim mesmo
A arte em vinho afundado pelo senso
A sensatez e o enevoado calar
Sem mais sentimento
Sem mais paixão
Só a amargura de um fim terrível
Nada mais
Ténue
Paixão
Sorte sem fim que desagua num poço negro
Morte
Solto na solidão
Sem nada

António Botelho

domingo, 9 de novembro de 2014

MURALHA DE FLORES

Entre ruídos e despejos de arte
Uma muralha de flores de ferro
Trono de tantos reinos sempre aparte 
Nos despojos humanos eu me enterro

Cavernas oriundas de outra parte
Ao gritar o silêncio assim me encerro
Entre os mundos da mente a desejar-te
E pela realidade tanto berro

Somos eras que trepam este mundo
E se apoderam de tudo sem fundo
Sanguesugas trepantes incoercíveis

Misto de tal pobreza poderosa
Rebeldes da certeza conflituosa
Entre sangue e certezas sem mais níveis

Dornelas - domingo, 09 de novembro de 2014

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Excerto

A memória permanece infinita
Os bons momentos relembrados
Emitem lágrimas de tristeza e saudade
Os maus momentos revirados
Geram raiva e falta de sanidade

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

PELA MANHÃ DIFUSA

Pela manhã difusa entre estes campos
Saudades que nas gentes longe trago
É tamanha a poesia sem mais tampos
Nesta terra divina sem afago

Opera sinfonias sem mais grampos
A natureza viva em tanto bago
Ausente de misérias ou sarampos
Assim Dornelas onde me embriago

Vapor da madrugada neste vale
De gotícula de vida que embale
Esta verdade humana em mal e bem

Lendas religiosas entre as gentes
Pra que assim se permitam ser mais crentes
De um lado ao outro a morte não olha a quem

Dornelas – sexta-feira, 17 de outubro de 2014

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Só sei que entre as paredes que me encontro
O tudo e o nada acontecem na metafísica
Os choros vazios de lágrimas surgem em confronto
E a mente assim permanece viva mas tísica

A chave dos amores que o Homem vive entre si
Sem que as masmorras desabem sobre os seus poros
É somente a semente que sofre por aí
Inunda na imunda infeção de outros choros

E numa chama de felicidade gélida de emoções
A vida se prolonga entre as ruelas guarnecidas
De apenas veras e falsas constelações
As andanças bipolares nunca esquecidas

Dornelas - quarta-feira, 15 de outubro de 2014

terça-feira, 24 de junho de 2014

ETERNIDADE DOS DESEJOS

A eternidade dos desejos mornos
Agora mortos, só despedaçados.
Luzes ambíguas sem ti, sem contornos,
Sem a infância que fomos – destroçados.

As minhas mãos geladas entre fornos
Acesos p´lo amor que outrora cruzados…
Relembro entre o calor destes adornos
Onde nos elevámos - nos criámos!

Mato o futuro pra viver presente,
O choro mata a sede diariamente
E a mágoa não se alaga - venenosa!

Choque entre brindes cheios de tristeza,
Sombras tísicas de mental pobreza.
A podridão do amor feliz - viscosa!

Dornelas -  terça-feira, 24 de junho de 2014
António Botelho

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014



TALVEZ POESIA

O lixo cheira o meu nariz bicudo
Nas profundezas desta inspiração…
Revolta-se e retoma-se a canção
Em restos inspirados de um escudo.

Palavreio estas folhas em veludo,
Estudo os batimentos – coração
- Pra dele retirar tinta em ação
Molhando a permanente, escrevo mudo!

O amor é uma gota desta vida
Que esgota a vida sempre facilmente,
Que esgota a vida mas, sendo o nascente,

Socorre a caminhada dividida!
E só nos resta ser sedentos vãos,
Mas bebermos a vida como irmãos…

Dornelas – Domingo, 16 de fevereiro de 2014
António Botelho

domingo, 21 de abril de 2013

A INSPIRAÇÃO RETORNADA



Desempenha assim o astro renascido
Poesia retorna a mim em estratos...
Aqui embate o reflexo do passado
Os caminhos pequenos, aparatos.

E antes se deixem vir a nós os factos,
O andamento da mente congelado,
O coração em furnas de tais factos!
Circunscreve e inspira o recriado.

Quero viver a vida, não sonhá-la,
Não perder sinfonia ou a pala
Do Camões que se criou na história.

Cidra de ventos mártires confusos
Tal como este poema em parafusos,
"Ar Te" dou na mensagem desta glória!


Coimbra - Sexta-feira, 21 de Abril de 2013
António Botelho

sábado, 20 de abril de 2013

SEXTA-FEIRA COIMBRÃ














A Sofia descansa e adormece,
O ar não folgado, rejuvenesce.
O som dos repuxos consegue ouvir-se
E os reflexos no chão não estão cobertos de gente a rir-se.

Silenciosos murmúrios apenas ficam
Pelas ruas suadas de pegadas.
Só as bermas das escadas se esticam,
As ruas e as casas abandonadas.

A lua fica para espreitar as ruas,
O vazio e os animais abandonados,
Os edifícios mortos, paredes nuas,
- Os estudantes imigrados!

Coimbra - Sexta-feira, 19 de Abril de 2013
António Botelho

domingo, 10 de fevereiro de 2013


Olá a todos.

A todos os bloggers, não bloggers, visitantes esporádicos e assíduos deste blogue, espero que tenham tido boas leituras e boas escritas, e também me desculpo por já há quase um ano não publicar absolutamente nada por aqui. Pois é, a vida nem sempre corre como estamos à espera, no entanto, desde que haja outros amores que nos compensem tudo isso, o equilíbrio mantém-se. Venho então publicar um poema que me ocorreu ultimamente - o que é raro, visto que já quase não escrevo, só me dedico à fotografia - mas que ainda assim, decidi deixar-vos por aqui, na esperança de que a veia poética ainda se mantenha. Obrigado a todos os que me deram apoio noutros tempos :D

Foram destronados os reinos desses dias!
- Os dias em que a plenitude poética o era!
Já pouco me resta desses sofias,
Já pouco me resta dessa boa fera.

Nada ganho em me conter com as palavras,
Agora estudo-as de forma científica.
Tenho saudades dessas macabras,
Ainda é uma guerra pacífica.

De nada vale à crise que o povo se zangue,
Que o choro se intensifique com sangue,
Que a amargura do luxo tenha um “bang”
Ou que os políticos de vós mangue!

Pavorosas economias que o governo pagina,
Ortopedias mentais - seguem a sua sina!
O povinho pensa que é manipulado,
Mas todos o somos e ninguém está de lado.



António Botelho

domingo, 29 de abril de 2012





a minha fase de espíritos bons está a tornar-se decadente
os cavalos negros aproximam-se
quer-me parecer que é um teatro do dia-a-dia
um espectáculo privado de um só espectador
eu

todo o invólucro do sentido permenente
um catcto risoma de pontas desapegadas
uma pedra presa no mexilhão negro
a água do mundo em tsunamis robustos

a cela dos imortais é a vida
a cela dos mortais é a morte
e a cela dos sentimentais é o amor

nada confere aos descendentes das flores da natureza
o lustro que trespassa as partículas incandescentes
a fúria da palavra calma a vibrar
anjos arrebatados a comprar armas nucleares para a extinsão dos homens
o prato da comida são as mãos do povo
e o povo, não sou eu nem tu
são todos os outros que assim não se consideram


António Botelho

terça-feira, 27 de março de 2012

humos e humanidade

humos e humanidade


num total de dias desde que vivemos

pisamos coisas duras

ou gelatinosas

claras ou escuras

e

essas coisas

muitas vezes cobertas de uma matéria escura

não nos deixa a quem da dignidade com que se tratam os seres humanos


14/03/2012

Antonio Botelho


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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

URGE!



Urge! Urge a vontade de escrever
Como há muito não tinha! Sou escravo
Que me faz ver o mundo sem morrer,
Que me aconchega sempre que me encravo!

Escrevo com a força pra vencer!
E lapido a fluência pra viver,
Descavo os versos de um terreno bravo!
Cultivo as armas de uma flor de cravo.

Dornelas - 23:54h - Quinta-feira, 09 de Fevereiro de 2012
António Botelho

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O amor cala o poeta com as palavras mais modestas

Como me calas com palavras tão modestas.
Como tornas a minha consciência breve.
E levas-me a agir como a natureza deve!
A minha mão percorre a tua face em festas!



...o amor cala o poeta com as palavras mais modestas.

António Botelho

sábado, 31 de dezembro de 2011

2011


Foi o ano em que sonhei ter-te pra vida,
O ano em que contestei todo o passado!
Um ente morreu, deixou o seu legado...,
Um novo se fez, ainda sem medida!

Lágrimas e sorrisos mas curado!
Fiz amigos pra levar lado-a-lado,
Vivi a experiência mais ardida,
Encontrei-me em caminhos sem saída!

Beijei a mulher com quem quero Ser,
E com ela aprendi a receber
O amor de quem nos ama e nos quer bem!

Escrevi, só, os mais belos sonetos.
E tive diferentes mas, bons tetos!
Que o próximo ano possa ir mais além!

Dornelas - 01:50h - Sábado, 31 de Dezembro de 2011
António Botelho

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"As pessoas não mudam?"


“As pessoas nunca mudam.” Se as pessoas nunca mudam, como é que a vida é feita de mudança? As contradições são uma faceta demasiado incontrolável, no entanto, para que nos havemos de debruçar sobre aquilo que é incontestável para nós mesmos quando, dia após dia, tentamos contestar isso?! E debruço-me então em solo mvediço, pois independentemente da minha agonia, sou o flagêlo que fracamente se associa, sou a barba rude de um homem que tresanda de pensamentos obscuros e claros como a sentença que carrega pelos pecados purificados que houve cometido em outros tempos. Porque se pensa então que as pessoas não mudam, se até por vezes, os seus pensamentos se desnudam!?! De que tanto o Homem fala sem se aperceber de que se contraria constantemente, que se rege numa ilusão aparentada de realidade, que se auto-estima sem cheirar sequer a estima seja pelo que for?!
As facetas do Homem, são muitas! As atitudes direccionadas em prole da mudança é que são poucas!

Dornelas - 14:58h - Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

E o rumo?



     Estou sem rumo e tenho medo de poder vir a ter rumo! Pensar que irei ter a minha vida tão a prumo, num futuro de actividade, activo como quem vive só para o trabalho e de quem não tem tempo para o retalho dos bons momentos, dos leves e doces melancólicos estados, com poucos tormentos, paz advinda de uma arte fulcrada pela música artificada ou pelo simples pensamento com manha reflexionada. Procuro pelos prazeres da vida. Uns, já estiveram na minha posse outros, talvez, nunca os tenha tido, assim como outros outros, nunca os tive com toda a certeza, ainda que me mantenha erguido com firmeza. Como rasgo as mãos de mágoas, insignificâncias, tristezas férteis de agonia, impotência mistificada pela incompreensão congénita, sussurrar de pensamento automáticos que se tornam em taquipsiquia, impulsos depravados de não sei ao certo o quê, luzes que a mente quer alcançar  (mas não vê pois não posso porque me sinto cego perante a claridade), ondas de marés que veem sempre carregadas de incerteza interna e cutânea, romarias ocasionais sem que haja um ritmo com clareza, tenho as pazes feitas com o diabo mas não com muitas outras coisas ou comigo mesmo - estou tramado!

Coimbra - 21:24h - 14 de Dezembro de 2011
O Louco de Hoje

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A loucura roubou-me da Poesia – mas, antes da poesia do que dos milagres!


Sinto-me inspirado! E se a inspiração não me falha, devo escrever sempre que me sentir de tal modo! Mas… que raio!, como posso escrever sempre que me sentir inspirado se, no final de contas, estou sempre inspirado? Porra!, não poderia ter uma vida normal se escrevesse sempre que estivesse com essa maluca da criatividade em elevado grau na minha tola!
Um dia percebi que quando escrevo, estou sempre a falar para a poesia, mas ela nunca me responde, o que, por isto, me posso considerar como louco?! – é, acho que sim, pelo menos considero-me algo! E se a poesia falasse comigo? Tal como acontece com Deus! Se ele nos responde é porque é milagre! Se a poesia tivesse um diálogo comigo seria um milagre? Ah, não… Talvez continuasse a ser loucura na mesma, pois os milagres só acontecem quando se é religioso e o acontecimento se dá num dia de chuva e o Sol aparece – quer dizer, nossa senhora de Fátima é que aparece, peço desculpa! (a minha avó chamar-me-ia de herege, aliás, ela já me chama, mas não faz mais que a sua obrigação, assim ela torna-se mais amiga de Deus e tenho uma cunha para quando morrer). No entanto, acho que prefiro ser louco do que levar/sofrer com milagres, pois assim, tenho a conversa que quero, e para ouvir opiniões, já as ouço todos os dias! A loucura roubou-me da poesia – mas, antes da poesia do que dos milagres! Isso de milagres é areia a mais para os meus olhos!

Coimbra - 02:10h - 18 de Novembro de 2011
O Louco de Hoje

terça-feira, 4 de outubro de 2011

SURTO PRIVADO



Surto privado de sufocos duros.
Simetrias perplexas escondidas
Por uma mente de questões fluídas
Em desesperos mortos prematuros.

Os olhos que transporto, são dois furos
Para a entrada de luz sem mais medidas!
Mas nada mais há que ideias perdidas.
Suspiro sentimentos tão obscuros...

Sinto que a vida é só o sonho raso,
Que o respirar é um bafo em atraso
E que os sentidos são restos de tudo!

E não me resta mais nada que a vida;
Âncora numa margem retraída,
Clave de sonhos deste ser tão mudo!

Suíça - 11:53h - Segunda-feira, 18 de Julho de 2011
António Botelho

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ó ZECA


Ó Zeca que deste à música alento!
Nos campos cultivados viste arte,
Nas ruas Coimbrãs com sentimento
A tua voz deixou talento olhar-te!

Vieste de viola ao peito em parte 
Incerta ao teu destino! Venho dar-te
O reconhecimento com sustento
De revoluções com teu pensamento!

São “Trovas e cantigas de embalar”,
Sempre trouxeste no teu olhar
A decisão de um homem lutador!

A sinfonia dos versos lustrosos
- Apesar de outros tempos desgostosos;
És tradição de um tempo promissor!

Dornelas – 00:32h – Sexta-feira, 05 de Agosto de 2011
António Botelho

domingo, 4 de setembro de 2011

RESTOS CONSCIENTES



Um embrulho de restos conscientes
Desperta em mim o escuro pensamento!
A dúvida de um rumo sem sementes,
Podo a árvore da vida em tormento!

E no amor?! Já foi tanto o sofrimento!
É algum agora, mas é como o vento,
Dispersa-se por fendas diferentes;
Por tais átrios e impulsos convergentes!

É grande o dramatismo! Reflexão
Aparentada com pouca lição!
Deixemos que o amor reste sem mais guerra!

As fases vão e voltam sem marés,
Correm os sentimentos lés-a-lés
São a vida e a morte que mais nos enterra!

Dornelas – 14:56m – Domingo, 4 de Setembro de 2011
António Botelho

sábado, 27 de agosto de 2011

PIANO NEGRO


É dedilhado pelas mãos sofridas
Por onde escorrem lágrimas perdidas…
Teclas de paz e de luto, sinfónicas!
Pautas escritas com notas platónicas…

É um refinado tom de artes retidas,
Ultrapassa o sofrer sem ferir vidas,
Tacteado plo mestre das sinfónicas
Melodias tornadas em harmónicas!

Melancólicos verbos de prazer,
Intensificação dos sentimentos!
Humidificador do órgão pra ver.

É tão escuro como um vinil perfeito,
É sumo da colheita de momentos…
Toca o amor num tom belo e eleito!

Dornelas - 22:06m - Sábado, 27 de Agosto de 2011
António Botelho

domingo, 3 de julho de 2011

ASSEMBLEIA AMOROSA














Preguei a pena na mão e escrevi…
Estampei tudo o que sentia em verso!,
Resgatei as razões deste universo
E o amor que sempre senti eu vi!

Que a perfeição não existe, percebi!
Que os desejos são por vezes o inverso,
Que a consciência é um mundo disperso;
A morte e a sede que sinto por ti!

E o que é o amor se não contradição
De sentimentos, frutos da paixão;
De suspirar num vácuo de um universo?

E resta uma pequena aspiração!
O resto de um princípio sem mais não
E que espero que acabe em vulto denso…

03 de Maio de 2011
António Botelho

terça-feira, 14 de junho de 2011

O PEITO IRRACIONAL

É tempo de deixar o animal ranger
Deixar que as suas garras se cravem em mim
Deixar que eu seja ele e ele eu
E prestar a dor aos outros
Aos que nem sempre são tão bons
Para com a minha compreensão
Somar os efeitos
As portas da discrepância em relação ao passado
O ajuizado valor moral agora morto
Resta o olhar raiado de sangue
Corpo podre de remédios drogados
Respostas impiedosas do pragmatismo
Arte distorcida em vão

domingo, 12 de junho de 2011

SOBRE TUDO: A ESCRITA





















A escrita é mais potente sobre tudo,
Perante a morte que é um eterno luxo!
A inspiração no arquivo de veludo
Arte indisciplinar, à qual me puxo!

Poesia cretone em bom repuxo
Que me dá ferramentas com que esbucho
Sinfónicas palavras em tom mudo!
Em “Crânio Nobel”, fico sisudo...

Em tensão cerebral, a espernear
As palavras não escritas, no meu estar;
Esta escrita abusiva decretada

Aos campos naturais de inspiração!
Para ser comungada à multidão
Que a elogiará ou, não lhe dará nada!

António Botelho

sexta-feira, 10 de junho de 2011

TUDO IMENSAMENTE TRISTE





















A chuva que lateja na janela,
Um violino toca tão incessante,
Monotonia da minha sequela,
As luzes cabisbaixas num turbante...

Sentimento pausado de lapela,
Escorre a tinta desta triste tela,
Na escura luz, somente eu sou galante,
Ofuscado na língua sem instante...

A tristeza vadia sinto em mim,
O corpo que carrego sem mais fim,
Uma récita negra de saudade...

E este estado não passa de banal...
Já percorre o meu rumo natural,
Picos frequentes desta minha idade!

08 de Novembro de 2010
António Botelho

segunda-feira, 30 de maio de 2011





















Esta depressão pode ser extinta
Pelo que sinto em órbita amorosa!
Numa disposição tão misteriosa
A minha mente quer passar-me finta!

Mesmo ainda não tendo mão rugosa,
Ou as doenças das depois dos trinta!
A poética está pouco sedosa!
Basta deixar que o amor em mim se sinta!

E raspo as códeas da pressão mental!
Deixo a taquipsiquia sem moral
E sustenho a verdade surreal!

Resta deixar que o amor me venha ver,
E que os músculos possam renascer
P´ra voltar a ser vida em recital!

António Botelho

terça-feira, 3 de maio de 2011

UM TRAGO DE MANHÃ DESCONHECIDA

Um trago de manhã desconhecida
Que escorre p´la goela tão sedenta!
E com caligrafia já tremida
Brota a escrita de mim, p´ra esta sebenta.

Há dejectos de tinta ciumenta
E penas sujas sem água fervida;
E sinto-me "barriga que rebenta"
Numa ansiedade, de vida já perdida!

Rebola pelo chão a poesia...,
Paira sobre nós a morte tão fria;
E a escrita atira pedras para cima!

Mas tudo o que se atira, também cai...,
Nesta manhã tão negra que recai
Sobre estas folhas brancas sem mais rima!

António Botelho

sábado, 23 de abril de 2011

DIA MUNDIAL DO LIVRO E DOS DIREITOS DE AUTOR


























O livro imortaliza os grandes feitos
E o nome dos autores mais perfeitos,
Dá vida à morte e traz-nos à memória
A emoção que nos dá, p´la sua história!

Um livro é um amigo de oratória,
Não se empresta um amigo com tal glória!
Sabe-o bem o escritor, a seus bons jeitos,
É a realidade! - Fora aos preconceitos!

E o escritor sangra a tinta do seu livro
Vive da sua escrita, não omnívoro,
Para o partilhar com a multidão!

E uns chegam ao fim da vida com obras
Escritas ou só lidas! Deus, que cobras,
Os melhores poetas da nação!

António Botelho

sexta-feira, 22 de abril de 2011

FELIZ A SOFRER



Já pensei matar este amor que sinto...
Aventurar-me de forma interdita!
Ressuscitar verdade quando minto
Saborear o belo que medita!
Mas p´ra morrer, preciso antes viver,
Ser feliz a sofrer sem assim ver!

Já rasguei muitas vezes os desejos,
Tentei esquecer os teus doces beijos,
Mas a vontade é áspera de mais,
E perante o amar dos teus sinais
Só os teus olhos vejo cintilantes
Amarrotar de abraços sufocantes!

Quis sentir sempre o teu corpo nas mãos...
Regurgitar, em teus braços sensíveis,
Superar todos os momentos vãos,
Poder dar-te momentos imperdíveis!
E só a alma a dois – repleta de beleza
Nos dá fruto do amor em tal grandeza!

António Botelho

domingo, 10 de abril de 2011













Quero tomar teu rosto nos meus olhos,
Matar os deuses p´ra te ter só minha!
Amontuar paixão em grandes molhos...,
Dei-te as flores que o mundo não tinha!

E tal beleza não vejo em mais folhos,
Eu beberia néctar dessa vinha!
Só p´ra ti, tiro a vida à minha linha…
Deposito meu amor em teus escolhos!

Seguro tua mão doce e sensível,
Um pouco dessa luz que me seduz,
Diva do amor profundo, inconfundível!

Só teu belo sorriso em mim reluz,
Eu que te olho e me vejo destemível
Num sentimento que a mente produz!

Coimbra - 02:13h – Quarta-feira, 20 de Outubro de 2010
António Botelho

Nota: Escrevi a data do momento desta criação com um propósito de eu próprio me lembrar e perceber o significado, uma vez que nem todos os sonetos que aqui publico são escritos no dia da sua publicação.

segunda-feira, 21 de março de 2011

"ARTIFICAÇÃO"

Amordaço as palavras incessantes...
O lustro de uma escrita incandescente,
Magia sonhadora tão fluente!
A “artificação”, estados semblantes!

Poesia que traz tantos amantes,
Faz-nos levitar, escassos instantes,
Imortaliza a escrita destas gentes,
Profetiza-se em gostos indigentes!

Carga de criações tão adoradas,
O âmago das flores clareadas...
Um poeta respira a imensidão!

Em campos cultivados de palavras,
Ó poesia, tão bela, que em nós lavras
Os sonhos longos e a realização!

António Botelho

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CONCURSO POESIA - Pelouro da Cultura da AAC

 
António Botelho foi mais uma vez um dos vencedores de um concurso de poesia organizado pelo pelouro da Cultura da Associação Académica de Coimbra realizado no âmbito do dia dos namorados, como já é tradição por parte da AAC. Desta vez, a comissão organizadora não atribui lugares de classificação, apenas seleccionou os três melhores aos quais concedeu a possibilidade de dedicar uma serenata surpresa a uma pessoa à escolha, graças à Estudantina Universitária de Coimbra. 
Aqui fica o soneto que concedeu um dos prémios a António Botelho:


AMAR-TE FOI…

Amar-te, foi abusar da poesia!
Foi ignorar os momentos de pavor,
Foi calejar o amor que em nós gemia
P´ra não aguentar mais a própria dor!

Foi tomar minha mente em teu favor;
Foi consumir-te sempre que escrevia;
Foi negar os instintos com calor
E os teus defeitos em pouca agonia!

Amar-te, foi roubar o paraíso
P´ra nós num egoísmo bem preciso!
Foi chantagear a insónia morta!

Foi ter-te nos meus braços sem te ter;
Foi dar a consciência ao teu ser
Para no fim ficar à tua porta…
António Botelho

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O FLUIR













A arte do querer ser mais do que tudo…
O desejo infindável de sentir
A presença do orgulho, ser mais mudo,
Entregar ao mundo a arte sem medir!

A poesia deixa-me veludo,
Recita-me poemas p´ra além ir
Sem regras de qualquer acto de ludo!
Só a natural vivência a fluir…

Um despejo de versos que flamejam,
Uma fronteira real sem existir…
Personagens do espírito que almejam!

Raízes orgulhosas do intervir,
Passos perpetuados que não invejam
A presença do fóssil a sorrir.

António Botelho

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

DIA DOS NAMORADOS

Dia dos namorados: Ilusões
Que se criam na mente pouco atenta!
Mas do apaixonado que não enfrenta
A vergonha p´ra ter mais afeições!

E naqueles que a paixão assenta
Num conjunto de pares, corações,
Espero que esse amor seja o que aparenta
E tenham em atento imperfeições!

E a sorte de um mendigo que procura
Um amor verdadeiro sem rotura
Não deve ser menor pois não peralta!

Oferecem-se rosas encarnadas,
Fazem-se serenatas recatadas…
Um dia em que o amor nos faz mais falta?!

António Botelho

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

NUNCA HAVERÁS DE VOLTAR



Afundo a consciência p´ra não ver…
Apenas duas vezes tu paraste
De me beijar, mas nunca tu pensaste
Que seriam as últimas p´ra crer…

E agora que me queres receber
Novamente em teus braços, sem saber
Ao certo o que de mim imaginaste
Quando em grande sofrer tu me ignoraste!

Por algum tempo, as pétalas caídas,
Permaneceram, não foram varridas,
Mas, as pétalas, hoje, já voaram!

Teus olhos não dão lágrimas aos meus,
Nem os sonetos podem já ser teus…,
Ou as lágrimas que a chama apagaram…

António Botelho

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ABANDONADO POR TER RESPEITADO













Abandonado por ter respeitado…
Fui lançado, como isca, aos cães de rua.
E eu, sem que a poesia fosse tua,
Vi, de lágrimas, meu rosto cortado.

O meu viver, no chão, vi entornado,
Do néctar que de ti tinha criado,
Estilhaços de sangue, vida crua,
E a alma deste poeta quase nua!

E o teu corpo à luz de velas morreu,
O sussurrar da tua voz viveu
Mas, só desejo as cinzas do amor triste…

E as crises vão e voltam como as chuvas
Que fazem nascer as melhores uvas
P´ra refazer melhor vinho de chiste.

António Botelho

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O MEU APREÇO

Faz-se o resumo de um ano repleto
De momentos intensos, memoráveis!
A família e os amigos tão amáveis,
Foi sempre imenso e bom todo o afecto…

Só restam as lembranças em concreto,
Pois as palavras são tão pouco afáveis!
A real sensação, isto é discreto…
Deixemos os momentos abaláveis.

Devorem passas como bons desejos,
Bebam a vocês, aos vossos ensejos
E retribuam a paz e harmonia!

Suguem o amor, sucesso e afinidade,
E tomem o momento sem idade
Façam a vida numa sinfonia!

António Botelho