domingo, 29 de abril de 2012





a minha fase de espíritos bons está a tornar-se decadente
os cavalos negros aproximam-se
quer-me parecer que é um teatro do dia-a-dia
um espectáculo privado de um só espectador
eu

todo o invólucro do sentido permenente
um catcto risoma de pontas desapegadas
uma pedra presa no mexilhão negro
a água do mundo em tsunamis robustos

a cela dos imortais é a vida
a cela dos mortais é a morte
e a cela dos sentimentais é o amor

nada confere aos descendentes das flores da natureza
o lustro que trespassa as partículas incandescentes
a fúria da palavra calma a vibrar
anjos arrebatados a comprar armas nucleares para a extinsão dos homens
o prato da comida são as mãos do povo
e o povo, não sou eu nem tu
são todos os outros que assim não se consideram


António Botelho

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